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quinta-feira, 28 de julho de 2011

Panorama da Evolução da Literatura Infatil

Por: Elisandra Andrade de Almeida de Souza

A Literatura Infantil apareceu durante o século XVII, época em que as mudanças na estrutura da sociedade desencadearam repercussões no âmbito
artístico, que persistem até os dias atuais. O aparecimento da Literatura Infantil tem características próprias, pois decorre da ascensão da família burguesa, do novo “status” concedido à infância na sociedade e da reorganização da escola. Sua emergência devido  antes de tudo, à sua associação com a Pedagogia, já que as histórias eram elaboradas para se converterem em instrumento dela.
É a partir do século XVIII que a criança passa a ser considerada um ser diferente do adulto, com necessidades e características próprias, pelo que deveria distanciar-se da vida dos mais velhos e receber uma educação especial, que a preparasse para a vida adulta.
O caminho para a redescoberta da Literatura Infantil, em nosso século, foi aberto pela Psicologia Experimental que, revelando a Inteligência como um elemento estruturador do universo que cada indivíduo constrói dentro de si, chama a atenção para os diferentes estágios de seu desenvolvimento (da infância à adolescência) e sua importância fundamental para a evolução e formação da personalidade do futuro adulto. A sucessão das fases evolutivas da inteligência (ou estruturas mentais) é constante e igual para todos. As idades correspondentes a cada uma delas podem mudar, dependendo da criança, ou do meio em que ela vive.
Pode-se dizer que os contos de fadas, na versão literária, atualizam ou reinterpretam, em suas variantes questões universais, como os conflitos do poder e a formação dos valores, misturando realidade e fantasia, no clima do “Era uma vez...”. 
Por lidarem com conteúdos da sabedoria popular, com conteúdos essenciais da condição humana, é que esses contos de fadas são importantes, perpetuando-se até hoje. Neles encontramos o amor, os medos, as dificuldades de ser criança, as carências (materiais e afetivas), as auto-descobertas, as perdas, as buscas, a solidão e o encontro. Os contos de fadas caracterizam-se pela presença do elemento “fada”. Etimologicamente, a palavra fada vem do latim fatum (destino, fatalidade, oráculo).
As histórias de Monteiro Lobato O advogado José Renato Monteiro Lobato (1882-1948), nasceu no município de Taubaté, em São Paulo. Em 1911 herda as terras do Visconde de Tremenbé, e descobre a velha estrutura rural do país. Assim nasceu o bem-humorado “Jeca Tatu”, símbolo do caipira brasileiro. Em 1920, Lobato elabora um conto infantil, “A história do peixinho que morreu afogado”, e em 1921, “Narizinho arrebitado”.
Estava dado o início para a criação de uma série de aventuras no Sítio do Pica-Pau Amarelo. Assinava as histórias como José Bento Monteiro Lobato, JBML, que eram as iniciais gravadas na bengala que usava, herdada de seu pai.
Foi Lobato que, fazendo a herança do passado submergir no presente, encontrou o novo caminho criador de que a Literatura Infantil brasileira estava necessitando.
Seu sucesso imediato entre os pequenos leitores ocorreu de um primeiro e decisivo fator: a realidade comum e familiar à criança, em seu cotidiano, é, subitamente, penetrada pelo maravilhoso, com a mais absoluta verossimilhança e naturalidade. Com o crescimento e enriquecimento do fabuloso mundo de suas personagens, o maravilhoso passa a ser o elemento integrante do real. Assim é que personagens “reais” (Lúcia, Pedrinho, D. Benta, Tia Nastácia, etc.) têm o mesmo valor das personagens “inventadas” (Emília, Visconde de Sabugosa e todas as personagens que povoam o universo literário lobatiano).
A vasta produção de Lobato, na área de Literatura Infantil, engloba obras originais, adaptações e traduções. Dentre os originais estão: “A Menina do Nariz Arrebitado”; “O Saci”; “Fábulas do Marquês de Rabicó”; “Aventuras do Príncipe”; “Noivado de Narizinho”; “O Pó de Pirlimpimpim”; “Reinações de Narizinho”; “As Caçadas de Pedrinho”; “Emília no País da Gramática”; “Memórias da Emília”; “O Poço do Visconde”; “O Pica-pau Amarelo” e “A Chave do Tamanho”.
Nas adaptações, Lobato preocupou-se com um duplo objetivo: levar às crianças o conhecimento da tradição, o conhecimento do acervo herdado e que lhes caberá transformar; e também questionar, com elas, as verdades feitas, os valores e não-valores que o tempo cristalizou e que cabe ao presente redescobrir e renovar. Nesse sentido, merecem destaque: “D. Quixote das Crianças”; “O Minotauro” e a mitologia grega na série “Os Doze Trabalhos de Hércules”.
A década de 70 ficou conhecida como a época do "boom" da literatura infantil. Com a consolidação do mercado editorial, e a crescente dependência do livro com a escola, aumentou expressivamente o número de autores produzindo para a infância.
Surgiram escritoras marcantes como Ana Maria Machado, Sylvia Orthof, Marina Colasanti e Lygia Bojunga Nunes, Ruth Rocha, Roseana Murray. Autores como Ziraldo e Pedro Bloch, , dignos "filhos de Lobato", trouxeram o humor de volta ao leitor infantil e juvenil. Encontramos de tudo um pouco nos livros brasileiros para crianças e jovens. O realismo mágico, em que as fronteiras entre a realidade cotidiana e o imaginário se diluem. O maravilhoso, mostrando situações ocorrendo fora de nosso espaço-tempo.
Nascida em fins do século XIX e expandindo-se nos primeiros anos do nosso século, a poesia infantil brasileira surge comprometida com a tarefa educativa da escola, no sentido de contribuir para formar no aluno o futuro cidadão e o indivíduo de bons sentimentos. Daí a importância dos “recitativos” nas festividades patrióticas ou familiares, e a exemplaridade ou a sentimentalidade que caracterizaram tal poesia. Fazia parte do nosso sistema educativo ( fins do século XIX até os anos 30/40 ) a memorização de poemas que deviam ser ditos pelos alunos nas aulas de leitura ou nas datas festivas.
Desde seu surgimento a Literatura Infanto-Juvenil esteve ligada à educação, com o passar dos séculos e com o surgimento de novas concepções de infância, o objetivo da educação deixou de ser o de moldar as crianças para as regras vigentes nas sociedades e adquiriu o papel de formar cidadãos críticos, na sociedade. Como instrumento pedagógico a Literatura Infanto-Juvenil se mostra extremamente útil nesse grande desafio que foi adquirido pela educação, assim, é necessário desvendar como ela auxilia e se torna um instrumento significativo na formação de novos leitores nas escolas públicas, avaliando as metodologias empregadas pelos professores, bem como os gêneros textuais que são utilizados por eles de maneira que agradem e, principalmente, que atendam as necessidades dos alunos, mostrando os inúmeros benefícios que através de sua utilização na sala de aula são levados aos alunos, além das dificuldades encontradas, como a falta de incentivo nas bibliotecas escolares e o despreparo dos professores, para que o uso da Literatura Infanto-Juvenil seja efetivamente utilizado nas salas de aulas da escola pública.

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