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quarta-feira, 27 de julho de 2011

A importância da Família na Escola

Por: Elisandra Andrade de Almeida de Souza



Ao longo da história da humanidade, a relação da família com a educação foi sendo modificada, transformada e com o ritmo da vida moderna, literalmente desgastada.
Nas civilizações orientais, que ainda preservam os hábitos da idade antiga, os pais são responsáveis pelo primeiro contato com a educação formal por parte dos filhos. Dessa maneira a criança percebe a escola como algo intrínseco com a relação familiar, algo necessário ao seu desenvolvimento. Na cultura hebraica, por exemplo, os pais tinham a obrigação moral e religiosa de instruir as crianças, através do exemplo prático e da exposição oral. A preservação da cultura e das tradições se perpetuou por milênios, e mesmo depois de processos de escravidão duradouros, e a diáspora judaica, o legado educacional desse posso tornou possível ser um dos poucos países do mundo cujo índice de analfabetismo é 0% (zero por cento).
Na literatura mais antiga não se encontram professores, isto é, pessoas especificamente encarregadas da comunicação da fé e das tradições (educação religiosa) às crianças. As crianças eram membros-participantes de uma comunidade responsável por sua vida, na qual a tarefa maior cabia aos pais. Em geral, as mães cuidavam do ensino das filhas e os pais se encarregavam dos filhos.
Com o surgimento da era moderna, os pais passaram a ter cada vez menos contato com seus filhos e, paulatinamente, foram transferindo toda a responsabilidade da educação dos filhos para a escola. Entretanto, para Bandão
“Existe a educação de cada categoria de sujeitos de  um  povo;  ela  existe  em  cada  povo,  ou  entre povos  que  se  encontram   Existe  entre  povos que  submetem  e  dominam  outros  povos,  usando a  educação  como  um  recurso  a  mais  de  sua  dominância.  Da família à comunidade, a educação existe difusa  em  todos  os mundos  sociais,  entre as  incontáveis  práticas  dos  mistérios  do  aprender; primeiro,  sem  classes  de  alunos,  sem  livros  e sem  professores  especialistas;  mais  adiante  com escolas,  salas,  professores  e  métodos  pedagógicos”.(BRANDÃO, 1981, p 9,10)

A presença dos pais na educação dos filhos é de fundamental importância, uma vez que a família complementa o trabalho escolar. Tanto a família quanto a escola desejam a mesma coisa: preparar as crianças para o mundo; no entanto, a família tem as suas particularidades que a diferenciam da escola, e suas necessidades que a aproximam dessa mesma instituição. A escola tem sua metodologia e filosofia para educar uma criança, no entanto, ela necessita da família para concretizar o seu projeto educativo.      
Infelizmente, alguns pais não se conscientizam da importância do apoio deles junto à instituição escolar do filho e não conseguem ver que a escola possui outros objetivos a serem desenvolvidos em seus filhos. Isso não quer dizer que a escola não deva se preocupar com o desenvolvimento afetivo e as relações de vínculo desenvolvidas pelos alunos, mas de forma diferente da família a escola utiliza critérios específicos para avaliar o desempenho, a maturidade e desenvolvimento desta criança. São essas peculiaridades que os pais não conseguem internalizar. Ao deixar seus filhos na escola, ou creche, os pais passam toda a responsabilidade de educação desta criança aos educadores e à instituição e caso o filho apresente um comportamento “inadequado”, os pais culparão a escola, os professores, os colegas, mas nunca colocarão a culpa em si mesmos ou assumirão o fato de contribuir para algumas atitudes do filho.
A família tem o papel de acolher a criança e promover individuação e pertencimento. No convívio diário, nas conversas, na forma de proceder distante das rotinas do dia a dia é que a criança compreende os mitos, as crenças, os ritos de sua família, assim como a forma deles de viver e conviver.
A escola tem o papel de socializar o conhecimento e as relações. Ela precisa promover um espaço educativo propício aos riscos de acertar e errar, de levantar hipótese, de discorrer o pensamento, enfim um espaço de aprendizagem.
A escola é uma instituição do domínio coletivo, dos grupos, das trocas, e a família, é do domínio do mais reservado, do particular, do específico. Tanto pais quanto professores devem ter claro que a afetividade, segundo Wallon, é construída a partir da qualidade das relações que a criança estabelece e é determinante para a construção da personalidade.

REFERÊNCIAS

ARIÈS, Phillipe. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: Zahar,
1981.

AFONSO, A. J.  (1992).  Sociologia da  educação  não-escolar: Reatualizar  um  objeto  ou construir uma nova problemática. Porto - Portugal: Aprontamento.


BALTAZAR, José Antonio; MORETTI, Lucia Helena Tiosso; BALTAZAR, Maria Cecília. Família e Escola: um espaço interativo e de conflitos. São Paulo: Arte & Ciência Editora, 2006.


CASTRO, Edmilson de. Família e Escola: O caos Institucional e a crise da modernidade. Disponível em: http://www.pedagogico.com.br/info9a1.html. Acessado em: 10.07.2010


COSTA, Antonio Carlos Gomes da. O Professor como educador: um resgate necessário e urgente. Salvador: Fundação Luis Eduardo Magalhães, 2001.


FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000.

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